tô com o olho duro, coração sereno e o ouvido na ponta dos cascos tem quatro semanas a fio... só emperiquitando o disco novo! e até esqueci de dizer: não desliga o som, brasília, que tem show dia 1/março!
um agradecimento especial aos meus amigos músicos e parceiros de batente e cutuca
Como diria Renato Matos, "estamos aí, na terra do baião". Dentre 1252 lançamentos do ano, a lista 'Os 100 Melhores Discos Brasileiros em 2015' colocou o nosso "Batente de Pau de Casarão" em 2° lugar. Viva São José do Egito e o poeta Zeto do Pajeú!
Em baú de guardados, quem guarda tem e quem procura acha. Hoje olhando umas pastas antigas procurando um samba "feito só pra mim" pra um cantor que pediu, encontrei o registro de uma composição já antiga e de que não me recordava. Olha como ela é bonita! Algum cantor(a) aí querendo cantá-la? Hein? rs
SEU NOME
Túlio Borges / Aloísio Brandão
Chamá-la de meu amor
Numa manhãzinha clara
É colher fruta-palavra
Que meu coração plantara
Quando digo "meu amor"
Vem um clarão da garganta
Fico suspenso no ar
Por essa força que é tanta
Por tanta força que há
Chamá-la de meu amor
Numa noite enluarada
É tudo e não preciso
Dizer-lhe mais quase nada
Talvez eu apenas diga
Que eu a amo com amor
Que o passarim na roseira
Canta seu nome em flor
Assoviando-lhe inteira
Só não tem dinheiro, mas tem disco novo no forno.
Dia 19 e 20 agora vai ter fuzuê no estúdio. Ih... não tem mais não: tem As Moças de Angical (Dominguinhos/Climério)!!! Ê, lasquera!
Os nossos pensamentos e opiniões, pensando aqui comigo, são o que se não parcerias? Tão numerosas e intrincadas que a gente não lembra de quem ou de onde vem o argumento ou como montamos a teia. Na música, a parceria é ótima coisa, uma carona na arte do outro - e cada um dá a carona que pode - e o compositor tem outro tipo de alegria, porque, geralmente, diz coisa diferente do que vinha dizendo, vai pra outro lugar. E ainda faz ou estreita as amizades, cria mais carinho pelos parceiros. E fica-se sempre querendo a próxima.
Gravei aqui, em registro chumbregado de celular mas de primeira mão pra mostrar, algumas de 2015. Umas parceiradas novas, outras não.
Consuelo de Paula
Eu a ouço há muito tempo, tem CDs lindos que já escutei demais (veja em www.consuelodepaula.com.br). Este ano nos falamos e daí pra essa canção, ainda sem nome, foi um pulo. Gravei aqui agorinha pra mostrar pra vocês!
Mauro Aguiar
O Mauro é super letrista carioca e fizemos algumas este ano. Gravei esta aqui que gosto muito.
Assis Medeiros
Assis é um pernambucano, paraibano e músico que adoro! Fizemos essa aqui, que curti muito.
Ana Reis
Um dia mandou uma letra, e a parceria não demorou... Não vou colocar aqui, pra deixar a surpresa para que ouçam em seu DVD - de lançamento próximo! Quem não conhece a Ana ainda, pode ouvir o último disco dela aqui: https://goo.gl/knDWAv.
Semana que vem, vamos lançar o o Batente de Pau de Casarão em Porto Alegre e Guaíba! Quem quiser me chamar pra um chima com cueca virada, biscoitinho com nata, eu estou aceitando. Bah, tchê, que sorte!
Uma coisa muito linda aconteceu domingo passado... Brasília está tão seca e quente, o domingo começou nessa pisadinha de sequidão e quentura. No início da tarde, voamos do almoço para encontrar a querida cantora e compositora Lucina, que esteve na cidade. Esteve para fazer uma premiere do filme Yorimatã, sobre a dupla Lulhi e Lucina e também um show. Perdi os dois... Mas então, corremos depois do almoço para pegá-la ainda em Brasília. Na chácara Leão da Serra, uma maravilha: clima gostoso de sombra de árvore, beira da piscina, os amigos Lúcia Leão, Vicente Sá, Renato Matos, Aloísio Brandão e Flávio Faria todos lá, cantávamos e falávamos. Já estaria tudo ótimo, mas ficaria ainda melhor.
O violão uma hora vagou pra mim e comecei a cantar algo, talvez mostrar uma nova parceria com o Mauro Aguiar. Isso quando cantando olho pro lado direito e vejo uma bolinha verde voando na minha direção. Continuava vindo. E como não parava fechei o olho por reflexo pra me preparar pro choque. Não houve trombada, o periquitinho verde pousou no violão. Mal entendíamos, quando recuperei o fôlego e me preparei para prosseguir cantando, bati um acordo, abri a boca e... Dá-lhe uma garfada na minha perna e voa pena, periquito pra um lado, eu de olho fechado de novo pra abrir e ver um gato que tentou dá-lhe no passarinho. Recolhemos depressa o periquito pra nenhum gato tascá-lo. Perna sangrando, segura no bichinho pra gato nenhum, Lucina aparece com um sabão de coco, lava minha perna, Lúcia Leão traz uma melancia pro periquito, Aloísio Brandão se descabela pra eu me desinfetar quando chegasse em casa, Renato Matos dá nome ao bicho de periquitúlio, Marina tira fotos, acarinha o bicho que soltava ruído de quem gosta , a amiga de Lucina fica do lado da gataria, Flávio Faria diz que eu encantei a ave e Vicente Sá não diz nada que - milagre - naquele dia estava calado.
Tudo bem, tudo bom. A bolinha verde e eu ficamos amigos: pousou no meu ombro toda a tarde, comeu da minha mão, posou pra fotos, beliscou do meu lábio, brincou com os óculos e fez menção de ir pra casa comigo e Marina. Quando já despedidos de todos, nós três chegamos no carro, o verdinho me coçou o pescoço e voou pra uma cumeeira. O final mais feliz.
Amei muito aquele periquitinho ali naquela tarde de carinhos trans-espécie.
Está tudo aqui e, pra mim, pouco escapa. É tão difícil explicar o homem quanto explicar a visão do homem de si, do tempo, das coisas. Na astrofísica é mais fácil, mas menos humano.
É ouvir, ouvir, até internalizar, cristalizar alguma coisa..Vinícius foi um filho da, um doido, como pode fazer isso...
À época da concepção do disco Eu venho vagando no ar, não tinha em mente gravar a música Cicatriz que compus no final da déc. de 90. Até que comprei no sebo o livro Tudo é sempre agora, da Neide Archanjo e gostei deste poema.
NÃO PUDE SER
Não pude ser
o teu amor perfeito
antes esta ferida.
Por isso para ti
não serei a pele
– poro a poro teu alumbramento –
serei apenas a cicatriz.
Perfeita
Do livro: "Tudo é sempre agora", Ed. Maltese, 1994, SP
POR GILMAR OLIVIERI
Não sei você, leitor, mas eu me delicio com o perfume exuberante da manga no pé de manga, com a rima rica, sensível à natureza das coisas e dos seres. E, no extremo, choro um bichinho abandonado e o choro fraco da criança magra. Choro o choro dos famintos e dos sedentos de vida, dos anestesiados pela faltura de fartura.
Túlio Borges – o Google tem o endereço! – convida-nos a acompanhá-lo e deliciar-nos com o melhor da música e a chorar um mundo que talvez não seja o meu, ou o seu, mas que é real para viventes invisíveis.
Quando lançou o primeiro álbum - Eu venho vagando no ar - encantou ao sair do casulo já como um artista completo: na voz, ao violão, ao piano, na poesia e nos ritmos inesperados, de uma riqueza singular. Tem, o Túlio, a voz tão macia e afinada que já me constrange cantarolar no
chuveiro.
Quando pensei "e agora, terá esse bardo se esgotado?" emerge o poeta, para nosso deleite, de um mergulho ao lirismo dos vates nordestinos. No álbum Batente de pau de casarão, lançado agora, faz-se acompanhar de artistas de muitos quilates, mas, quem dá o tom novamente é a voz, é o veludo, é a delicadeza.
Vá ao site, leitor, se ainda me lê! Perceba a gentileza e o esmero desse moço, tão dedicado e rico, mais surpreendente a cada canção. Para embalar o presente para presente, brindou-nos com fotografia, produção gráfica e programação visual de outros tantos refinados artistas.
A sensibilidade da poesia do Túlio Borges enleva no devaneio do verso ideal e choca na crueza do verso bruto da vida real. Mas, não se espante! Ele não perde a ternura, mesmo quando endurece o discurso.
Que vivam os bardos!
O Gilmar do texto fluido e gostoso acima é - nem mais, nem menos - o Tijumá, meu querido tio. Hoje, mais distantes que na minha infância e adolescência, somos eu e ele Borges homens, amáveis e recolhidos ao nosso canto de casa. Ele, que havia gostado muito do Eu venho vagando no ar, ficou receoso e admitiu a preocupação quando contei a ele do mote nordestino para a produção do Batente.
Recebi hoje esse texto e claro que fiquei feliz. Mais feliz porque, mesmo tentando sempre passar apenas pelo meu crivo fino, eu sei que não só não queria desapontá-lo, como queria satisfazê-lo artisticamente. E não que é está aí?, consegui. Como diria o Jessier Quirino, é porque, tio, a gente penteia o cabelo pro mesmo lado!
TB.