POR GILMAR OLIVIERI

Não sei você, leitor, mas eu me delicio com o perfume exuberante da manga no pé de manga, com a rima rica, sensível à natureza das coisas e dos seres. E, no extremo, choro um bichinho abandonado e o choro fraco da criança magra. Choro o choro dos famintos e dos sedentos de vida, dos anestesiados pela faltura de fartura. 

Túlio Borges – o Google tem o endereço! – convida-nos a acompanhá-lo e deliciar-nos com o melhor da música e a chorar um mundo que talvez não seja o meu, ou o seu, mas que é real para viventes invisíveis. 

Quando lançou o primeiro álbum - Eu venho vagando no ar - encantou ao sair do casulo já como um artista completo: na voz, ao violão, ao piano, na poesia e nos ritmos inesperados, de uma riqueza singular. Tem, o Túlio, a voz tão macia e afinada que já me constrange cantarolar no 
chuveiro. 

Quando pensei "e agora, terá esse bardo se esgotado?" emerge o poeta, para nosso deleite, de um mergulho ao lirismo dos vates nordestinos. No álbum Batente de pau de casarão, lançado agora, faz-se acompanhar de artistas de muitos quilates, mas, quem dá o tom novamente é a voz, é o veludo, é a delicadeza. 

Vá ao site, leitor, se ainda me lê! Perceba a gentileza e o esmero desse moço, tão dedicado e rico, mais surpreendente a cada canção. Para embalar o presente para presente, brindou-nos com fotografia, produção gráfica e programação visual de outros tantos refinados artistas.

A sensibilidade da poesia do Túlio Borges enleva no devaneio do verso ideal e choca na crueza do verso bruto da vida real. Mas, não se espante! Ele não perde a ternura, mesmo quando endurece o discurso.

Que vivam os bardos! 


O Gilmar do texto fluido e gostoso acima é - nem mais, nem menos - o Tijumá, meu querido tio. Hoje, mais distantes que na minha infância e adolescência, somos eu e ele Borges homens, amáveis e recolhidos ao nosso canto de casa. Ele, que havia gostado muito do Eu venho vagando no ar, ficou receoso e admitiu a preocupação quando contei a ele do mote nordestino para a produção do Batente.

Recebi hoje esse texto e claro que fiquei feliz. Mais feliz porque, mesmo tentando sempre passar apenas pelo meu crivo fino, eu sei que não só não queria desapontá-lo, como queria satisfazê-lo artisticamente. E não que é está aí?, consegui. Como diria o Jessier Quirino, é porque, tio, a gente penteia o cabelo pro mesmo lado!

TB.

 

 

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