Ontem, fomos eu e muitas pessoas queridas ao show da Ana Reis, no Clube do Choro, em Brasília. Era comemoração aos 10 anos de carreira e uma prévia do DVD que ela gravará em maio. A Ana canta bonito, tem voz bonita e - mais raro - tem um trabalho interessante de pesquisa de repertório. No setlist, somente compositores brasilienses - e não faltava nada. Tinha Clodo, Climério, Clésio, Afonso Gadelha, Alexandre Carlo, Aloísio Brandão, entre músicas lindas da própria Ana e parceiros.

E tinha também, além de uma parceria minha com a Ana, essa daqui, com o Climério Ferreira. Sempre me emociono quando canto ou ouço; Cli disse que escreveu a letra quando, ao voltar para o Piauí, conhecidos o atualizam dos meninos que morrem nos rios. 

Nesse registro de cozinha, eu tinha acabado de escrevê-la e o Rafael dos Anjos passou aqui em casa. Que bom que veio. 

Meninos do Rio

Túlio / Cli

Cangapés, saltos mortais
A água engole os meninos
A margem cospe crianças
A vida não volta atrás

Voando, vindo do cais
Taludos e franzinos
Embora todos crianças
Pensam que são imortais

Querem dos peixes o espaço
Não imaginam os segredos
Que o rio guarda no abraço
Que vem do leito dos medos

Quem desconhece o futuro
Sempre alimenta a esperança
Nunca se sente inseguro
Dançando a velha dança

De um brincar belo e puro
De mergulhar feito lança
No fundo do rio escuro
E nunca morrer criança

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