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Os finalmentes e as coisas boas

São José do Egito - Elinaldo Meira

São José do Egito - Elinaldo Meira

Semana que vem, dando tudo certo e tem pouco pra falhar, vai disco pra fábrica. Aí é pronto, findou-se e acabou-se o mexer de panela longo desse doce de deixar suado, cansado e mortinho até o cão. Depois, então, só é terminar de preparar o lançamento e de cabeça mergulhar no mar do outro mundão de coisa pairando e querendo acontecer.

O disco é homenagem à cidade de São José do Egito (PE), berço da poesia nordestina, à poesia assombrosa de Zeto do Pajeú, aos meus familiares Leite e Braz de Souza, ao mote do poeta grande e humilde Dedé Monteiro que dá nome ao disco (Batente de Pau de Casarão) e a meus parceiros poetas.

Adiantada no tempo e aqui fazendo graça, vai a música 9. Parceria como meu muito amigão Toty, o Totão que hoje vem pra um café, biscoito e prosa aqui em casa. Estamos aqui, querido, eu, Marina e Dori. Coisa boa e certa é você e os seus!

ADORÁVEL TROVADOR

Túlio Borges / Toty

Meu adorável trovador
A minha casa é sempre sua
Como a praça, a Vila e a rua
São motes pro cantador

Pois venha sempre que quiser
Pra um café, biscoito e prosa
Canções pra brindar a vida
Que pode ser saborosa

No mais, estamos sempre aqui
Eu, meu filho e companheira
Somente pra lhe ofertar
Amizade verdadeira
Quanto mais agradecido
Mais a vida vem e oferta
Coisa boa é ter amigo
Eu nunca vi coisa tão certa

 

 

 

 

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UFA!

Depois de tanto tempo em 5 anos de intervalo desde o disco Eu venho vagando no ar, o Batente de Pau de Casarão fica pronto em março!

E esse ano tem mais um que fica pronto. Mas ouça aí a Canção do Piauí Unido, a canção número 6 do disco. Vai vendo...

 

CANÇÃO DO PIAUÍ UNIDO

Túlio Borges / Climério Ferreira

Entao cê quer dividir meu Estado
Cê quer partir meu coração
Cê quer que me sinta apartado
De parte dos meus irmãos
Quer dividir meu Estado
Quer fatiar meu orgulho
Contra esse fato inventado
Eu faço muito barulho

Eu quero mais unido esse meu chão
Do semiárido ao cerrado
Do Gurguéia à Amarração
Não quero ver céu remendado
Tudo é tão diverso aqui
Não tem a mesma paisagem
Babaçu, tucum, pequi
Vão margeando a viagem

Enquanto o senhor quer mutilado
Esse povo forte daqui
Com seu sotaque avexado
Quero unido o Piauí
Nas águas do Parnaíba
Que nos une ao Maranhão
Rio abaixo, rio arriba
Navega meu coração

Quero de nós muito mais
Do tudo que já vivi
Convoco teus ancestrais
Pra salvar nosso Piauí
Da Costa e Silva, o poeta
Nascido no Amarante Não deixe a terra dileta
Passar assim por amante

Como é que se quer partido
O desenho das nossas terras
Já sinto o peito ferido
Nessa mais doida das guerras
Piauienses de agora
E os que virão no futuro
Verão essa mesma aurora
Nesse chão unido e puro

Ê, povo
Ê, Piauí

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Parceria premiada

Fim de semana passada, em Brasília, a canção Nanquim, parceria com o poeta Jessier Quirino, ficou com o 1° lugar fo Festival "Prêmio Sesc de Música Tom Jobim". A canção faz parte do próximo disco, Batente de Pau de Casarão, e é uma das três parcerias com o poeta que estarão no disco. O disco encontra-se em fase final de mixagem. Eba! Depois de um longo tempo de execução... 

Por coincidência, quando o disco anterior estava nesta mesma fase, a canção Shirley ganhou este mesmo festival. É bom assim :)

NANQUIM

Túlio Borges / Jessier Quirino

Vai cantador, canta a dor
Do inchaço dessa vida
Da criança de colo e choro magro
Canta a cor dos legumes albergados
Nos leirões carcomidos desse chão

Vai cantador, canta a cor
Escaldante do mormaço
Canta a cor do negrume do castigo
Essa cor é uma cor, dinheiro antigo
Que pagou a mil réis a escravidão
Vai então, cantador, pro sertão
Cantar cantigas
Vai então, cantador
Ser canto e voz amiga
Ser nanquim nos lençóis dessa nação

 

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hoje é dia de cervejinha

na poesia de hoje, o cli avisa: é bom aproveitar... hoje é dia de cervejinha. 

ENQUANDO A MORTE NÃO CHEGA

Vou curtindo a morte todo dia
Entre goles de cerveja gelada
E tira gostos proibidos pelo cardiologista
Que a vida se vivida é mortal
A fome de ver põe meus olhos de plantão
Crivados nas belezas da natureza
E nas cores de cada estação
Enquanto a morte se atrasa
Vou curtindo uma letra de canção
Um versinho despretensioso 
A beleza solidária da minha mulher
E o abraço cúmplice dos amigos
Aí fico horas e horas encarando a esquina
Na aconchegante solidão de uma mesa de bar
Entre goles de cerveja gelada
E tira gostos proibidos pelo cardiologista

Climério Ferreira

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TU

marina, minha namorada, além de amor, introduz em casa muitas coisas do sul. ela é de lajeado (RS) e me apresenta não só aos doces e mimos mandados pela sogra, mas também muitas expressões idiomáticas que eu adoro. em troca, além de amor, vou dizendo pra ela coisas do nordeste que ela nunca tinha ouvido... parece às vezes que são dois países diferentes. ela nunca tinha comido carne de sol ou sabia o que era tutu (você sabe, né?), o que para a gente daqui de Brasília parecia muito engraçado.

nesse clima, fiz uma música sobre algumas dessas coisas que trocamos. chama-se TU e entrará no próximo disco. agora ela já sabe o que é mungango e biloca e talvez reconheça uma ingazeira, buriti e umbu, que parece um butiazinho...  

ps - hoje soubemos que a música está concorrendo em um festival da Rádio Nacional daqui de Brasília. 

 

TU

Túlio Borges

Se tu fosse umbu num te largava
Se fosse um mungango eu te juntava
Se fosse um pombinho eu criava
Se fosse de aço eu torava
Não fosse bem certa eu acertava
O que tu vendesse eu comprava
Se fosse biloca eu roubava

Se tu no Big Brother eu votava
No pasto da fazenda eu aboiava
Se um butiazinho eu plantava
Se tu buriti eu te cascava
Se tu melancia eu gostava
Se tu fosse nata eu adorava
Se tu Häagen-Dazs eu te amava

Mas tu é tu e tu é melhor
É melhor que a sombra da ingazeira
Mais perfume que manga na mangueira
Mais amor que amora na amoreira
Meu ouro incrustado do sertão
Minha prata gaúcha brasileira

 

na gravação: valério xavier (percussão), oswaldo amorim (baixo), cacai nunes (viola caipira) e eu no tímido violão.

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vicente sá

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vicente sá

do baú dos áudios de celular que venho revendo: vicente sá. encontrá-lo é sempre ótimo! tem alegria, o rosto de anjo de botticelli, um sorriso e uma poesia, inventada na hora e sussurrada como se a estivesse recordando, ou aquelas que conhecemos e gostamos de ouvir de novo. muito querido o poeta e muito poeta esse querido amigo.

(

 

 

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severina branca

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severina branca

meu celular ontem não podia nem mais tirar fotos. dizia que estava cheio, literalmente. comecei limpá-lo hoje e fazer backup pro computador. tenho muitos áudios gravados, cada um uma lembrança. 

nordeste, pernambuco, siga a oeste de recife, 500km adentro, passa caruaru, arcoverde, contornando a paraíba, sobe norte e encontra o sertão do pajeú, e logo são josé do egito, terra da poesia e do repente. vá mais adiante, pra cidadezinha de uma rua só chamada mundo novo. ali mora severina branca, poetisa, apresentada assim pelo grande poeta zeto: 

"severina branca é uma figura gêmea, cloneada com eleanor rigby. enquanto eleanor foi nascer em liverpool, perto de john lennon, severina branca nasceu em são josé do egito. e teve o mesmo dinâmico modo de ser, como uma rapariga maravilhosamente liberta, linda, uma mulher autêntica, totalmente fora de preconceitos. todos os prefeitos novos daquela terra de pajeú passaram suas inocências pelo coração de severina branca."

 

tinha vontade de conhecê-la e lá fomos, eu e minha prima maria. descobrimos a casa, batemos e atendeu severina, abrindo os olhos com a ajuda dos polegares e indicadores - tão inchado de conjuntivite que estavam (hoje está cega). pegamos uma muda de roupa na sala vazia e a levamos para tomar uma banho e ir ao médico. no caminho ela dizia poesias...


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das cercas e luzes no espaço

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das cercas e luzes no espaço

Andy Gilmore

Andy Gilmore

semana passada, peguei um poema do jessier para musicar. pequenino, foi só empurrar a cancela e tava ali logo pronta. é simples, chiclete, mas pode ser que ache seu espaço. 

como mais uma luzinha no céu escuro, está aí a canção, na voz sem fôlego de hoje.

 

 

 

 

 

CERCAS & FRONTAIS

túlio / jessier quirino

há cerca nas redondezas
pelos currais, nos condomínios
e nos milharais
e há cerca de infindos anos
não há cerca nos frontais

planetas, sois e relâmpagos
vagueiam de pirilampos
nas curvas celestiais


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Memória musical

Bia Reis

Bia Reis

Tenho muito viva a lembrança do programa "Memória Musical", apresentado na Rádio Nacional de Brasília, 96,1, pela querida Beatriz Reis. Lembro do frio na barriga quando ela me ligou da rádio nacional pela primeira vez, aquela voz que sempre ouvi no programa especial em que artistas faziam uma lista das músicas que os haviam marcado.

Pois bem, a Bia se foi há dois anos, mas o programa continua - e hoje apresentado pelo seu idealizador, 20 anos atrás: Márcio Lacombe. Para o programa de amanhã (domingo, 27), quem fez a lista fui eu. E me emocionei muito a lembrar das canções e do que elas me lembraram. Toda a situação ainda me emociona. A lista, bem sentimental, é essa:

1. Ninguém me ama (Fernando Lobo / Antônio Maria), com trio Marabá
2. Noites do sertão (Tavinho Moura / Milton Nascimento), com Invoquei o vocal 
3. Lua e flor (Oswaldo Montenegro), com Oswaldo Montenegro 
4. Indiana (Jack Hanley and Ballard MacDonald), com Oscar Peterson 
5. Isn't She Lovely (Stevie Wonder), com César Camargo Mariano e Wagner Tiso 
6. No canto do passarinho (João Evangelista Rodrigues / Arlindo Maciel), com Paulinho Pedra Azul 
7. Everybody's Boppin' (Duke Ellington), com Hendricks, Lambert & Ross 
8. When did you leave heaven (Richard Armstrong Whiting), com Jimmy Scott 
9. Nem assim (Sérgio Sampaio), com Sérgio Sampaio 
10. Tempo (Zeto), com Zeto 

Quem quiser ouvir o programa, sintonize ou clique abaixo para ouvir online a rádio nacional amanhã (27), às 11h. 

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