Descobri há pouco que o cantor Jimmy Scott morreu mês passado, aos 88 anos. Era um cantor de uma voz muito peculiar, devido à rara síndrome de Kallmann, que deixou a sua voz como a de uma criança. Apesar da idade avançada e dos problemas de saúde, a notícia me deixa melancólico assim como suas músicas.
Quando movara em Londres, ia com frequência ao bar de jazz Ronnie Scott's, quando um dia calhou de vê-lo. Foi uma surpresa saber que Little Jimmy Scott estaria ali: era 2003 e eu não sabia que ele ainda era vivo. Foi uma noite esplendorosa, mesmo cantando ora em pé, orasentado. E foi tamanha emoção e beleza, que tive de vê-lo de novo no dia seguinte. "Você tem reserva para amanhã?", a gerente da casa me perguntou - estava lotado. Ao que disse que não, ela disse que daria um jeito e me arrumou uma pequena mesa improvisada. Chorei boa parte da apresentação, sabendo que seria a última vez que o veria.
De lá pra cá, passaram-se mais de 10 anos. E ainda me emociono. É uma das vozes mais lindas do mundo. Um senhor, um cavalheiro, muita música e emoção.
Vá em paz.